"Onde funcionam as coisas é onde a sociedade se apropria dos seus processos." Ladislau Dowbor
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quinta-feira, 19 de maio de 2011

SACOLAS PLÁSTICAS PERTO DE SEREM PROIBIDAS EM SALVADOR

Sacolas plásticas deixadas em aterros na Bahia demoram em torno de um século para se decompor
Foto: Ana_Cotta

Projeto de lei que proíbe utilização de sacolas plásticas em Salvador foi assinado nessa terça-feira, 17 de maio, por unanimidade na Câmara Municipal. Agora, a cidade está a um passo de se tornar mais uma entre o grupo das capitais (Cuiabá, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e mais recentemente São Paulo) que aprovaram leis que obrigam os estabelecimentos comerciais a não oferecerem mais as sacolinhas.

Dessa forma, o Plenário da Câmara assinou o projeto dos vereadores Pedro Godinho (PMDB), Andréa Mendonça (DEM) e Vânia Galvão (PT) que obriga a colocação de sacolas oxi-biodegradáveis para o acondicionamento dos produtos destinados a consumidores. Para entrar em vigor, só falta à lei ser sancionada pelo prefeito João Henrique.

De acordo com especialistas, uma vantagem das sacolas oxi-biodegradáveis é que em sua degradação inicial ela se decompõe pela oxidação acelerada por luz e calor. Num segundo momento, o plástico é biodegradado por microorganismos e os resíduos finais restantes não poluem o meio ambiente.

Segundo o verador Pedro Godinho, essas medidas, além de diminuir os impactos ambientais, evitam “um alto investimento financeiro para diminuir a poluição”.

Para Vânia Galvão, co-responsável pelo projeto de lei, a iniciativa busca a conscientização dos comerciantes e pretende eliminar fabricação, compra e uso das sacolas plásticas tradicionais, assim como aconteceu em Bangladesh e nos Estados Unidos.

Penalidades do projeto

Depois que a lei entrar em vigor, que depende da aprovação do prefeito, o comércio terá o prazo de um ano para se adequar à nova regra. Após esse período, as penalidades deverão começar.

Quem descumprir a lei primeiramente receberá uma advertência civil do ocorrido, com uma multa relacionada a 1% do faturamento da empresa. Se reincidir no erro, a pena de multa, graduada a partir da condição econômica do estabelecimento, deverá dobrar.
Redação EcoD

segunda-feira, 16 de maio de 2011

POPULAÇÃO DE CAETITÉ SE MOBILIZA E IMPEDE PASSAGEM DE COMBOIO RADIOATIVO

Caetité é um município baiano com aproximadamente 48 mil habitantes

Milhares de pessoas fizeram um cordão humano em frente ao Cemitério de Caetité, conseguindo impedir a passagem do comboio radioativo composto por 13 caminhões que chegou a cidade por volta das 19h de ontem (15/05/2011), carregados de material atômico destinado ao distrito de Maniaçu, onde funciona a única unidade de extração de urânio em atividade no país.
Impedidos de seguir por esta via, o comboio deu a volta e tomou o rumo da BR que leva à Lagoa Real, com a intenção de alcançar a Fazenda Cachoeira, onde fica a mineração de urânio. Os caetiteenses estão dispostos a permanecer em vigília toda a noite, e tentam fazer contato com a população da Lagoa Real para garantir a mobilização necessária a fim de impedir a passagem do lixo radioativo pela estrada que liga aquela cidade a Maniaçu. A Comissão Paroquial de Meio Ambiente de Caetité (BA), a Comissão Pastoral da Terra e o Movimento Paulo Jackson - Ética, Justiça, Cidadania foram as instituições promotoras da convocação. Cogitado anteriormente para chegar na próxima semana na Bahia, tudo indica que a viagem do comboio possivelmente vindo de São Paulo foi antecipada para o dia 15 de maio, revoltando a população local que se mobilizou para rejeitar a carga nuclear. Os sindicatos de trabalhadores do Rio de Janeiro e de Brumado estão questionando a insegurança com que este transporte está sendo feito e os riscos que representa para o ser humano e o meio ambiente.
Na última quinta-feira, a Rádio Educadora Santana de Caetité tratou do assunto, levantando a possibilidade da carga radioativa ser a mesma que saiu da cidade de Poços de Caldas (MG), na década de 1990, destinada a São Paulo, e a ser utilizada pela Marinha Brasileira em um projeto de submarino nuclear. Ainda segundo informações extra-oficiais, depois de usado no projeto, esse material ficou confinado em algum lugar da capital paulista até ser liberado para voltar a Poços de Caldas. Em 2000, o então governador de Minas, Itamar Franco, proibiu a entrada da carga no Estado. Os microfones da Educadora foram colocados à disposição da direção das Indústrias Nucleares do Brasil-INB e reservado o horário da sexta-feira para esclarecimentos, mas ninguém se pronunciou.

Zoraide Vilasboas
Coordenação de Comunicação e Ascom/Abará

sábado, 14 de maio de 2011

METANO LIBERADO NOS LIXÕES GERA ENERGIA ELÉTRICA

                                                 Fernando Stankuns / Creative Commons
Vista aérea do aterro Bandeirantes em Perus - São Paulo/SP


Transformar montes de lixo em algo produtivo, que diminui a quantidade de gases tóxicos lançados na atmosfera e ainda gera energia: essa é a ideia por trás das usinas de metano em funcionamento na cidade de São Paulo. Até 2007, cerca de 25% das emissões de gases de efeito estufa de São Paulo vinham dos aterros Bandeirantes (foto), ativo entre 1979 e 2006 e o maior da América Latina, e São João, que funcionou entre 1992 e 2007. 



Hoje, o metano (gás 21 vezes mais nocivo que o CO2) liberado pelos lixões é usado para gerar energia elétrica. Um acordo feito com a prefeitura permitiu que os dois lixões fossem explorados para produzir energia. As empresas responsáveis por eles (Loga e EcoUrbis - que cuidam do Bandeirantes e do São João, respectivamente) fecharam uma parceria com a Biogás para que o metano captado seja queimado e transformado em eletricidade. 



Os dois locais acumularam juntos 64 milhões de toneladas de lixo. O produto gerado por essa biomassa abastece 800 mil pessoas e reduz em 20% as emissões na cidade.


Ainá Vietro
Vida Simples - 12/2010

terça-feira, 3 de maio de 2011

ARGENTINO CONSTRÓI CASA COM 6 MILHÕES DE GARRAFAS

Artesão recolheu os objetos durante 21 anos.

Dos 6 milhões de garrafas, pelo menos 100 mil são de cerveja.


                                                                                   Foto: Clarín.com

O artesão argentino Rubén 'Tito' Ingenieri, 47 anos, usou cerca de 6 milhões de garrafas para construir sua casa, uma oficina de arte e um farol.

Tito mora na cidade de Quilmes, a 20 minutos da principal cervejaria argentina. 'Destes 6 milhões de garrafas, pelo menos 100 mil são de cerveja', disse ele à BBC Brasil.

O artesão, que não consome bebidas alcoólicas, recolheu as garrafas durante 21 anos. Elas foram encontradas na rua e doadas por moradores ou pela prefeitura local.

'Em um vídeo que fizemos para promover o museu, apareço bebendo numa garrafa de cerveja, mas é água. O que vale é a garrafa', disse.

Tito diz que a sua casa é também um museu, tendo recebido delegações do Japão, da Holanda, da Noruega e do Canadá.

                                                                                                                 Foto: Clarín.com

'(Construir casas com garrafas) pode ser uma solução para o problema da moradia. É muito mais barato que uma casa de tijolos', afirmou.

A casa está aberta à visitação publica, com entrada gratuita. O argentino afirma que, às vezes, 40 pessoas percorrem o local ao mesmo tempo.

A casa, com pisos e escadas de madeira, tem um quarto, uma sala, uma sala de jantar, um banheiro e uma cozinha.

'É uma casa como qualquer outra, mas com mais cores e iluminação graças aos tons das garrafas', disse. Tito, que iniciou, mas não concluiu, os estudos em belas artes, se define como um 'operário das artes'.

Oito horas por dia

Durante os 21 anos em que recolheu as garrafas, Tito diz ter trabalhado 8 horas por dia nas construções à base de ferro, areia, cimento, madeira e uma cola para prevenir a umidade. 'Soldei cada detalhe destas obras. Estou satisfeito com o resultado'.

Tito é porteiro em uma escola na localidade de Bernal, a 25 minutos de Quilmes. Além da casa onde mora, ele construiu a oficina, onde ensina aos interessados o que aprendeu sozinho, e um farol de 12 metros de altura.

O artesão afirma que se mudará para o farol quando ele ficar pronto, em dois meses. 'O farol também tem quarto e sala, mas com mais requinte que a casa-museu, porque é mais alto', disse.

No planos de Tito, está a construção de uma sala de cinema para os moradores locais, dentro da casa. 'Quero que muitos vejam que é possível fazer tudo isso sozinho. Com estas casas seria possível resolver problemas dos sem-teto e com criatividade'.

                                                                                                               Foto: Clarín.com


BBC

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ATÉ 2012, TODOS OS MUNICÍPIOS DEVEM TER O PLANO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Todos os Municípios brasileiros devem elaborar um plano local de resíduos sólidos até agosto 2012. A obrigatoriedade e o prazo são determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305/2010 que foi regulamentada no final de 2010 pelo Decreto 7.404/2010.

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) esclarece: o texto da lei estabelece dois anos para os Municípios elaborem os planos e quatro anos para substituir os lixões por aterros sanitários. O prazo começou a contar a partir da publicação da lei no Diário Oficial da União, o que ocorreu dia 3 de agosto do ano passado.

Logo após a publicação, o presidente da CNM Paulo Ziulkoski falou, em programa da Globo News, que a medida representa um grande desafio para os Municípios brasileiros. Na ocasião, ele destacou uma consequência para o Município que não cumprir os prazos. “Se em dois anos a prefeitura não estiver com o plano municipal pronto, será impedida de receber recursos do governo destinados à atividade”, pondera.

O presidente da CNM também disse que os Municípios precisam conhecer a realidade local para desenvolver o projeto e estipular metas. No entanto, o plano nacional é fundamental para o trabalho. “No plano nacional deve constar uma forma de ajuda financeira aos Municípios para viabilizar o cumprimento das determinações da lei. Sabemos que o Saneamento custa R$ 220 bi para universalizar”, explica.

Grupo de trabalho 
Neste aspecto, o governo deve nomear até fevereiro o grupo que vai criar o plano e instituir as metas de redução, reutilização, reciclagem de resíduos, aproveitamento energético e extinção de depósitos de lixo a céu aberto. De acordo com matéria da Agência Brasil, o grupo será composto por técnicos e dirigentes de 12 ministérios, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente (MMA). E a nomeação deste grupo interministerial sairá até fevereiro, mesma época da instalação do comitê orientador para a implantação dos sistemas de logística reversa.

Na prática, a segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) para o tratamento de resíduos destinará cerca de R$ 1,5 bilhão, e os Municípios que não tiverem o plano não terá acesso aos recursos. Também, a partir de agosto de 2014 não poderão funcionar mais os depósitos de lixo a céu aberto – lixões – e apenas os rejeitos devem ser enviados aos aterros. 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

EX-PEDREIRO É SUCESSO EM RESENDE APÓS TER LIMPADO LAGOA SOZINHO


"A violência contra o meio ambiente é muito grande. Não só contra a natureza, mas também contra as crianças e o restante da humanidade. O mundo está doente", diz Antônio Albino Filho, ex-pedreiro de 67 anos que limpou, praticamente sozinho, o espelho d' água da Lagoa da Conscientização da Preservação da Natureza (nome dado em homenagem ao seu trabalho). Com uma intensa sensibilidade, o Velho do Lago, como é conhecido por todos na região do Mirante das Agulhas Negras, em Resende, conseguiu, há oito anos, mobilizar os moradores vizinhos a limpar a lagoa, que na época estava repleta de vegetação e de sujeira. 

Tudo ia bem até que um pequeno detalhe quase jogou o projeto no lodo. Por se tratar de uma área de proteção ambiental, não demorou muito para que a prefeitura fizesse valer o papel de fiscalizadora e aplicasse severas notificações aos praticantes da boa vontade ecológica. A consequência foi um abandono gradual dos, até então, parceiros. Incansável, o Velho passou a realizar sozinho a limpeza da lagoa. 

— Todo mundo ficou com medo de desafiar o governo. Eu não poderia deixar o local ficar do jeito que estava e decidi agir. Construí uma jangada e passei a limpar todos os dias. Às vezes, entrava em contato com colegas e amigos de outras regiões, mas em boa parte do tempo eu realizava o trabalho sozinho — conta.

O Globo
Reportagem e imagem: Felipe Sil

sábado, 20 de novembro de 2010

COMERCIANTE É OBRIGADO A RECEBER PILHAS E BATERIAS

Tendo em vista que o artigo 4º da Resolução Conama n.º 401/2008 entrou em vigor em 5/11, a Coordenação de Controle de Resíduos e Emissões (Corem/Ibama) informa aos comerciantes de pilhas e baterias que as exigências presentes neste artigo serão objeto de fiscalização por parte dos órgãos do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama).
Conforme o texto do art. 4º, os estabelecimentos que comercializam determinados tipos de pilha e baterias (bateria de carro, pilhas alcalinas e comuns, pilha botão) deverão receber do usuário as pilhas e baterias usadas para repasse aos respectivos fabricantes ou importadores.

A Corem informa, ainda, que os fabricantes e importadores têm a obrigação de promover a destinação ambientalmente adequada deste tipo de resíduo, ficando sujeitos às sanções legais caso se recusem a receber  do comércio o repasse das pilhas e baterias usadas.

Vale ressaltar, que a recente Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, recai sobre todos os tipos de pilha e bateria, conforme seu artigo 33. Desta forma, a logística reversa deverá ser aplicada a todos os tipos de pilha e bateria.

É importante a participação dos consumidores neste contexto, pois as pilhas e baterias não devem ser descartadas no lixo doméstico devido à possibilidade de contaminarem o meio ambiente, visto que algumas destas pilhas e baterias possuem metais pesados em sua composição. A melhor destinação é a reciclagem, pois, além de evitar a contaminação, promovem o uso racional dos recursos naturais, um dos objetivos do desenvolvimento sustentável. 

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

FÓRUM DISCUTIRÁ DESCARTE DE RESÍDUOS ELETRÔNICOS

Estão abertas as inscrições para o V Fórum Governamental de Gestão Ambiental na Administração Pública, que será realizado no dia 3 de dezembro no Auditório da Procuradoria Geral da República. A ideia é promover um intercâmbio de soluções sobre os resíduos eletroeletrônico dentro dos setores estatais e da iniciativa privada. A participação no Fórum é aberta a todos os interessados. As inscrições podem ser feitas na página eletrônica da A3P.


O problema é preocupante. Dados da OnG Solving the E-Waste Problem (StEP), divulgados no início do ano, indicam que, no Brasil, é descartado anualmente 0,5 Kg de lixo eletrônico por habitante. E pior: todo esse lixo tóxico é jogado fora sem nenhum cuidado para impedir que contaminem o meio ambiente. Na China, o dado é mais baixo: eles descartam por ano 0,2kg por habitante. 



Mas o governo federal tem se movimentado para combater o problema. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em agosto, apresenta novidades como a "responsabilidade compartilhada", comprometendo a sociedade, empresas, prefeituras e governos estaduais e federal na gestão desses resíduos. 



"Outro avanço da lei é a questão da logística reversa, que trata do pós-consumo", afirma Geraldo Abreu, diretor do Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socio-ambiental do MMA. "Com isso, a lei obriga que fabricantes, importadores, distribuidores e vendedores realizem o recolhimento de embalagens usadas", garante Abreu. 



"O seminário vai ser uma boa oportunidade para que possamos mostrar as melhores práticas e discutir soluções", disse. 



Clique aqui para ver a programação completa do evento.

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS É TEMA DE SEMINÁRIO INTERNACIONAL

Jefferson Rudy/MMA
O evento começou anteontem (8) e segue até o próximo dia 10, no auditório da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA (505 Norte), em Brasília
O aproveitamento de gás metano produzido em lixões para geração de energia elétrica e a gestão e manejo de resíduos sólidos nestes locais são os principais temas do Seminário Internacional sobre Resíduos Sólidos, realizado em Brasília de 8 a 10 de novembro, no auditório da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Durante a abertura do evento, o secretário executivo do MMA, José Machado, disse que o Brasil experimenta um novo momento rumo à sustentabilidade com a aprovação da Lei Nacional de Resíduos Sólidos, que estabelece o marco regulatório para a gestão desse tipo de resíduo em todo o País.
Machado ressaltou a importância do seminário no mesmo ano em que a Política de Resíduos Sólidos foi aprovada. "As ações estabelecidas nesta política envolvem entidades produtivas, estados, setor privado e outras organizações, constituindo-se, assim, num vigoroso processo para a redução de emissões de gases-estufa."
Para o secretário de Recursos Hídricos do MMA, Silvano Silvério, a questão dos resíduos sólidos no País tem caráter ambiental, social e econômico. "Os lixões ainda são muitos no Brasil, e esta é uma situação degradante do ponto de vista social e ambiental, pois a maioria deles está localizada em áreas de nascentes, mananciais e em locais próximos a rios, que estão sendo contaminados. Quem sofre diretamente com isso são as comunidades mais carentes situadas nas proximidades destes lixões", avaliou.
Silvério explicou que em uma pesquisa feita pelo IBGE, no período de 2008, foi verificada diminuição de resíduos expostos em lixões - o que formou os chamados 'aterros controlados', classificados como intervenção intermediária entre o lixão e o aterro sanitário. "Apesar de haver uma cobertura dos resíduos em muitos destes locais, ainda não há a coleta seletiva de lixo nem o aproveitamento do gás metano", disse.
Silvério contou, também, que já existe um aumento no potencial de municípios com aterros controlados e sanitários. As duas categorias somam juntas 49,2% de aterros controlados no País. A Política de Resíduos Sólidos prevê que o governo fomente, como alternativa institucional, a implementação de consórcios de aterros sanitários que possam atender a várias localidades, o que favorece o custo operacional destas estações.
"A discussão sobre o gás metano está relacionada diretamente ao impacto da geração de lixo no País. Hoje, 960 municípios contam com coleta seletiva no Brasil, mas apresentam uma baixa produtividade (apenas 3%) para o potencial desta atividade. Dos 97% dos resíduos sólidos domésticos recolhidos, somente 12%  são reciclados", alertou.
Silvério explicou que o custo de implantação de um aterro sanitário para receber os resíduos de 100 mil pessoas é de aproximadamente R$ 2,4 milhões. Mas alertou que o problema não se restringe apenas à implantação da estação, mas principalmente à sua gestão, e que a disseminação de pequenos aterros pode acarretar um grande passivo ambiental que depois pode se tornar difícil de solucionar.
Lixões - De acordo com especialistas na área, o Brasil ainda precisa avançar muito no que se refere ao manejo dos resíduos sólidos domiciliares. O País possui numerosos lixões onde os resíduos são lançados sem controle, o que provoca a contaminação do solo, do ar e das águas superficiais e subterrâneas.
No entanto, algumas iniciativas recentes já começam a surtir resultados ambientais, como o aproveitamento do gás metano para geração de energia elétrica.  Globalmente, os lixões são responsáveis por 13% das emissões de metano, gás-estufa com poder 21 vezes superior ao do gás carbônico.
No contexto da nova legislação federal relativa aos serviços públicos de saneamento básico (Lei 11.445/2007) e da recente Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), vários estados também estão estimulando a regionalização da gestão dos resíduos sólidos por meio de consórcios públicos intermunicipais. Estas iniciativas têm o objetivo de promover a oferta de serviços públicos de qualidade, ambientalmente adequados e com custos menores.
Ação conjunta - O seminário está sendo promovido pela Associação Brasileira de Agências de Regulação em parceria com a National Association of Regulatory Utility Commissioners. A iniciativa conta ainda com o apoio da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, e da Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais.
Na programação serão abordados temas como planejamento, projetos, implantação e operação de aterros sanitários, além de aproveitamento energético do metano gerado nestes locais e as experiências dos Estados Unidos e do Chile. Outras ações em execução em diversas regiões do Brasil também serão apresentadas e discutidas, a exemplo dos aterros que atendem as cidades de Salvador, Belo Horizonte, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
Por Carine Corrêa
Fonte MMA

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

BRASIL PRECISA SUBSTITUIR LIXÕES POR ATERROS SANITÁRIOS ATÉ 2015

Foto: Agência Brasil

A implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em agosto e ainda sem regulamentação, terá como grandes desafios a gestão compartilhada, o prazo para substituição de lixões por aterros sanitários e a ampliação e melhoria da produtividade da coleta seletiva. As metas foram listadas nesta segunda-feira, 8 de novembro, pelo secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Silvano Silvério.
O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, José Machado, disse que a regulamentação da PNRS (que tinha prazo de 90 dias, contados a partir de 2 de agosto) será concluída até o fim deste governo e assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministério já tem uma minuta do decreto e está discutindo o texto no governo e com entidades do setor de gestão de resíduos.
A lei prevê a responsabilidade compartilhada na gestão dos resíduos sólidos e proíbe a manutenção de lixões em todo o país. Segundo Silvério, estados e municípios terão até agosto de 2011 para elaboração de planos de gestão de resíduos. Até 2015 o país terá que ter eliminado os lixões.
“O esforço inicial é para garantir a implementação de aterros. A lei dá quatro anos de prazo máximo para adequação de aterros e fim dos lixões”, disse o secretário durante apresentação no seminário Regulação e Gestão de Serviços Públicos de Manejo de Resíduos Sólidos: Aproveitamento Energético do Metano de Aterros Sanitários.
O governo deverá estimular projetos compartilhados entre municípios e estados e iniciativas intermunicipais, que têm custo operacional reduzido, se comparados com projetos individuais. Uma das orientações, segundo Silvério, será a criação de autarquias municipais ou intermunicipais de gestão de resíduos.
“Queremos estimular a formação de consórcios públicos para gestão, isso otimiza investimentos e permite planejamento e gastos compartilhados”, comparou.
Evitar que os aterros voltem a se transformar em lixões por falta de gestão também é umas das preocupações do governo. Entre as possibilidades para garantir a sustentabilidade financeira dos empreendimentos estão o aproveitamento do metano liberado pelo lixo para produção de energia e a criação de estímulos fiscais vinculados à manutenção dos projetos.
“O país tem que ter uma meta para recuperação de energia em aterros a partir do gás metano. Os planos [estaduais e municipais] terão que contar com a perspectiva de recuperar energia dos aterros”, sugeriu Silvério.
Durante a apresentação, o secretário também apontou a necessidade de ampliação e melhoria da qualidade da coleta seletiva. Dos 5.565 municípios brasileiros, somente cerca de 900 têm o serviço de coleta seletiva. E a produtividade é baixa: apenas 12% do que é coletado é de fato reciclado, segundo Silvério.

Com informações da Agência Brasil.
Por Redação EcoD


sábado, 6 de novembro de 2010

LIXO PODE AMEAÇAR BIODIVERSIDADE NO PARQUE MARINHO DOS ABROLHOS

Foto: Divulgação/Instituto Baleia Jubarte

O local deveria ser um cenário paradisíaco, com praias de areia branca, mar calmo e transparente, convidativo para um mergulho. Os passeios deveriam ter como única atração a rica biodiversidade local, com peixes de todas as cores e tamanhos convivendo harmoniosamente com tartarugas marinhas, moluscos, tubarões e até baleias.
Mas não é esse o cenário encontrado atualmente por quem visita o Parque Marinho dos Abrolhos, localizado no sul da Bahia. A riqueza natural hoje divide espaço com restos de papelão, plástico, tecido, espuma, metal, nylon, borracha, isopor, vidro, capacete, boneca, sapato, pneu e até roupa de mergulho.
Esses foram alguns dos itens coletados durante um mutirão realizado no dia 24 de outubro no local, que revelou uma grande quantidade de lixo poluindo as praias do arquipélago, ameaçando qualidade de suas águas, e, por consequência, a saúde de diversas espécies marinhas.
As coletas foram realizadas nas ilhas Redonda e Santa Bárbara por 68 colaboradores das ONGs Instituto Baleia Jubarte, Patrulha Ecológica – Escola da Vida, ICMBio-Caravelas e Organização Sócio-Ambiental Jogue Limpo. Em três horas de atividade os participantes coletaram quase 334 Kg de lixo.

Grupo recolheu quase 334 Kg de lixo

Após a pesagem dos resíduos, todo o material foi identificado e especificado (inclusive nomeando o país de origem do material). Foram encontrados quase 9 Kg de lixo internacional, vindo de países como EUA, China, Japão, Uruguai, Holanda, Malásia, Turquia, Grécia, Portugal e Espanha, entre outros.
Entre o lixo doméstico foram identificados material de pesca e de mergulho e frascos lubrificantes descartados no mar por embarcações que navegam no Banco de Abrolhos.
De acordo com o geógrafo e Educador Ambiental Kid Aguiar, ações como essa devem ser feitas com mais frequência, já que o local é um berçário da vida marinha. Preocupado, o ambientalista faz um alerta: “durante a limpeza em Abrolhos foram encontradas cavernas sendo transformadas em verdadeiros lixões que podem ameaçar a biodiversidade local”.
Segundo a assessoria de imprensa do Instituto Baleia Jubarte outros mutirões devem ser feitos em breve, já que não foram recolhidos nem um quinto de todo o lixo presente na Unidade de Conservação.

por Redação EcoD

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

AÇÃO NACIONAL DE LIMPEZA EM ÁREAS VERDES ACONTECE NESTE SÁBADO

No próximo sábado, dia 6 de novembro, às 8h, durante a “III Ação Nacional FEBRAC – Limpeza de Áreas Verdes”, mais de mil empregados e empresários prestadores de serviços terceirizados unirão forças para limpar áreas verdes e principais pontos turísticos em 14 cidades. Organizado pela Federação Nacional das Empresas de Serviços e Limpeza Ambiental (Febrac), em conjunto com os Sindicatos Estaduais Associados, o evento será um dia de cidadania em que o segmento deixará o mundo melhor. 

As empresas prestadoras de serviços disponibilizarão todo o maquinário e material necessários para garantir a limpeza e conservação da área escolhida em cada estado, onde o lixo coletado, após separação, será entregue a entidades de reciclagem locais. Além disso, serão doadas mudas de plantas nativas e folders de educação ambiental, para incentivar ações sustentáveis de toda a população.

“A questão do lixo é um dos maiores problemas impostos ao ambiente e à sociedade. Abordá-la no processo de educação é um desafio cuja solução passa pelo entendimento de cada indivíduo quanto a suas responsabilidades”, diz o presidente da FEBRAC, Ricardo Garcia. Ele lembra que, tendo destinação inadequada, grande parte de resíduos inicialmente recicláveis termina sendo inutilizada. 

No caso de praças e parques, o lixo espalhado, muitas vezes, representa um risco para os animais que ali podem ser apreciados.  “As aves acabam ingerindo fragmentos, especialmente de plástico, e, como não conseguem digeri-los, tornam-se vítimas fatais dessa negligência humana”, registra. Por isso, muitos Estados escolheram praças realizar Ação Nacional: Maceió/AL - Memorial Teotônio Vilela; Salvador/BA - Praça da Igreja do Bonfim; Cidade 2000/CE – Praça Oficina do Senhor; Brasília/DF – Zoológico de Brasília; São Luís/MA – Aterro do Bacanga; Belo Horizonte/MG – Mercado Central; Campo Grande/MS - Praça Itanhangá; Almirante Tamandaré/PR - Bairro Tanguá; Florianópolis/SC - Praça XV de Novembro; São Paulo/SP – Parque das Bicicletas; Natal/RN – Parque das Dunas; e Aracaju/SE - Praça Princesa Isabel.

O mesmo acontece com os peixes.  Em alguns Estados do Brasil, a Ação Nacional Febrac vai operar diretamente contra a ameaça à vida aquática – no Rio de Janeiro, ela será feita na Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos maiores espaços turísticos e de lazer da cidade. Em Belém/PA, o local escolhido foi a Orla de Icoaraci, conhecida por ser um ótimo lugar para apreciar o por do sol e pelos diversos restaurantes especializados em frutos do mar, barraquinhas de comidas típicas, água de coco, feira de artesanato e a praia do cruzeiro. Já a cidade do sol, Natal/RN, o calçadão da praia de Ponta Negra que receberá os cuidados dos prestadores de serviços.

“Nossa proposta é realizar anualmente a Ação, de modo a fazer dela um instrumento prático para a educação ambiental”, antecipa o presidente da Febrac. “É também uma maneira concreta das empresas de serviços terceirizados em Asseio e Conservação darem sua contribuição a uma causa de importância planetária”, completa.

SERVIÇOIII Ação Nacional Febrac – Limpeza de Áreas Verdes
Data: 06 de novembro de 2010
Mais informações: www.febrac.org.br / (61) 3327-6390

Fonte: Assessoria de Comunicação da Febrac

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A GRANDE MANCHA DE LIXO NO PACÍFICO

O termo “mancha de lixo” tem levado muitas pessoas a acreditar que esta área é uma mancha grande e contínua, composta de unidades de lixo marinho, facilmente visíveis, tais como garrafas e outros resíduos sólidos – semelhante, literalmente, a uma colcha de lixo que deveria ser visível através de imagens de satélite e fotografias aéreas.



Desmistificando a “Grande Mancha de Lixo no Pacífico”

Perguntas Freqüentes

NOTA: Esse mapa é uma representação simplificada das feições e correntes oceânicas no Oceano Pacífico. Diversos fatores influenciam a localização, o tamanho e a intensidade de todas essas feições ao longo do ano, incluindo a sazonalidade e o El Niño/La Niña. A representação disso num mapa estático é muito difícil.

O que é a “mancha de lixo”?
A “mancha de lixo”, como é apresentada na mídia, é uma área de concentração de lixo marinho no Oceano Pacífico Norte. O termo “mancha de lixo” tem levado muitas pessoas a acreditar que esta área é uma mancha grande e contínua, composta de unidades de lixo marinho, facilmente visíveis, tais como garrafas e outros resíduos sólidos – semelhante, literalmente, a uma colcha de lixo que deveria ser visível através de imagens de satélite e fotografias aéreas. Isto simplesmente não é verdade. Embora unidades de lixo possam ser encontradas nessa área, juntamente com outros fragmentos de objetos descartados, tais como redes de pesca abandonadas, a maioria desses resíduos sólidos, mencionados pela mídia atualmente, corresponde a pequenos fragmentos de detritos plásticos flutuantes. Esses pedaços de plástico são muito pequenos e não são imediatamente evidentes a olho nu.

Onde está a “mancha de lixo”?
Parece que a “mancha de lixo”, em destaque na mídia, está dentro da Zona de Alta Pressão Subtropical do Pacífico Norte (Alta Subtropical do Pacífico Norte), uma área entre o Havaí e a Califórnia. Devido às amostras limitadas de lixo marinho coletadas no Pacífico, ainda é difícil falar sobre seu conteúdo exato, seu tamanho e localização. Contudo, o lixo marinho tem sido encontrado em maiores concentrações no calmo centro dessa zona de alta pressão, se comparadas a áreas fora dessa zona. Dever-se-ia notar que a Alta Subtropical do Pacífico Norte não é uma área estacionária, mas que se movimenta e que muda. Essa área é definida, pelo Serviço Nacional de Tempo da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), como “uma área de alta pressão subtropical, semi-permanente, no Oceano Pacífico Norte. Ela é mais forte no verão do Hemisfério Norte e é deslocada em direção ao Equador durante o inverno, quando a Baixa das Aleutas torna-se mais dominante. A Alta dos Açores e a Alta das Bermudas são sistemas comparáveis a esse.”.

Qual é a diferença entre as “manchas de lixo” do Leste e do Oeste?
Recentemente, foi mencionado na mídia a existência de uma “mancha de lixo” do Leste e outra do Oeste. A “mancha de lixo” do Leste é a mesma “mancha de lixo” original (ver acima), situada, aproximadamente, a meio caminho entre o Havaí e a Califórnia – a área da Alta Subtropical do Pacífico Norte. A “mancha de lixo” do Oeste tem sido mencionada como situada ao largo da costa do Japão.

O que é a “mancha de lixo” do Oeste?
Existe um pequeno “giro de recirculação” ao sul da Corrente de Kuroshio, ao largo da costa do Japão, que pode concentrar lixo marinho flutuante – essa é a tão falada “mancha de lixo” do Oeste. As forças exatas que causam essa rotação no sentido horário ainda estão sendo pesquisadas; contudo, ela pode ser causada pelos ventos e vórtices oceânicos (águas que giram no sentido horário e anti-horário). A pesquisa está em andamento no meio acadêmico, por exemplo, na Universidade do Havaí e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, visando compreender melhor a sua verdadeira natureza e as forças por trás desses giros de recirculação.

A “mancha de lixo” é a única área onde o lixo marinho se concentra?
NÃO. Existem diversas feições nos nossos oceanos que concentram o lixo marinho, incluindo os vórtices e as zonas de convergência.
UM EXEMPLO é a Alta Subtropical do Pacífico Norte ou “mancha de lixo”.
OUTRO EXEMPLO é uma área conhecida como Zona de Convergência Subtropical do Pacífico Norte (North Pacific Subtropical Convergence Zone – STCZ).
A Zona de Convergência Subtropical do Pacífico Norte está localizada ao longo da extremidade sul de uma área conhecida como Zona de Transição do Pacífico Norte. A NOAA tem se concentrado na STCZ porque esta é uma área de alta produtividade, servindo como área de alimentação e migração para espécies pelágicas, além de ser uma área já documentada de concentração de lixo marinho – e uma das razões para o acúmulo de lixo marinho no Havaí (veja abaixo) (Kubota, 1994; Pichel et al., 2007). Essa área não tem limites distintos e varia, quanto à localização e intensidade de convergência, ao longo de todo o ano. Essa zona se movimenta, sazonalmente, entre 30º e 42º N de Latitude (aproximadamente 800 milhas), estendendo-se mais para o sul (28º N), durante os períodos do El Niño (Donohue e Foley, 2007). Durante os meses de verão, essa zona fica menos definida e se localiza mais ao norte, quando a convergência tende a enfraquecer; durante os meses de inverno, ela se torna marcante e se situa mais ao sul, quando a convergência fica mais forte.

A Zona de Convergência Subtropical do Pacífico Norte como um mecanismo de acúmulo de lixo marinho no Havaí:O arquipélago havaiano, que se estende por 1500 milhas na direção noroeste, a partir do extremo sul da ilha do Havaí até o Atol de Kure, está entre as cadeias de ilhas mais longas e remotas do mundo. No Havaí, o lixo marinho continua representando uma ameaça ao habitat marinho, à navegação segura, e à vida selvagem; incluindo a Foca Monge do Havaí (Monachus schauinslandi), espécie em risco de extinção, e várias espécies de tartarugas marinhas, aves marinhas e baleias. É a localização desse arquipélago, entre os 18º e 28º de Latitude Norte, que o torna propício ao acúmulo de lixo marinho. Uma das razões para que o lixo marinho se acumule nessas ilhas é o movimento desses fragmentos de lixo dentro da Zona de Convergência Subtropical do Pacífico Norte (STCZ). A STCZ concentra o lixo marinho e se movimenta sazonalmente entre os 30º e 42º de Latitude Norte, declinando mais para o Sul (28º N), durante os períodos de El Niño. Esse acúmulo, devido à STCZ, é evidenciado por um aumento na quantidade de lixo marinho flutuante que se deposita nas praias, durante os períodos de El Niño (Morishige et al., 2007). Adicionalmente, tem sido observada uma correlação entre o aumento do emaranhamento das Focas Monge do Havaí, em risco de extinção, no lixo marinho e os períodos de El Niño (Donohue e Foley, 2007).

Qual é a diferença entre o “giro” e a “mancha de lixo”? Ou eles são a mesma coisa?
Um giro é uma feição circular de larga escala, formada por correntes oceânicas que giram, em espiral, em torno de um ponto central, no sentido horário, no Hemisfério Norte, e no sentido anti-horário, no Hemisfério Sul. Mundialmente, existem cinco giros oceânicos subtropicais maiores ou principais: os Giros Subtropicais do Pacífico Norte e do Pacífico Sul, os Giros Subtropicais do Atlântico Norte e do Atlântico Sul, e o Giro Subtropical do Oceano Índico. O Giro Subtropical do Pacífico Norte é o mais notável devido à sua tendência em agregar lixo marinho. Ele é formado por quatro grandes correntes que giram no sentido horário – Pacífico Norte, Califórnia, Norte Equatorial e Kuroshio. É muito difícil medir o tamanho exato do giro por ser um sistema fluido, mas o Giro Subtropical do Pacífico Norte é estimado, de forma grotesca, em aproximadamente 7 a 9 milhões de milhas quadradas – não é uma pequena área! Essa é, obviamente, uma estimativa aproximada. Ela é, aproximadamente, equivalente a três vezes a área continental dos Estados Unidos (3 milhões de milhas quadradas).
Enquanto um giro pode agregar o lixo marinho numa escala muito grande, as manchas de lixo, como vistas pelos que navegam no Pacífico Norte, são, de fato, o resultado de várias feições oceanográficas de pequena escala, tais como vórtices oceânicos e meandros de frentes oceânicas (pense nos meandros como um desvio numa linha reta. À medida que a energia – ventos/correntes – atinge a frente, vão se formando ondulações e “curvaturas” que são descritas como meandros frontais – movimentos para o norte e para o sul, ao longo da frente oceânica).

Qual o tamanho da “mancha de lixo”?
Ao longo dos últimos dois anos, tem sido visto uma ampla cobertura na mídia sobre a “mancha de lixo”; contudo, o tamanho e a massa divulgados têm variado de artigo para artigo. Devido ao tamanho amostral limitado, bem como à tendência dos navios observadores explorarem apenas áreas que são consideradas concentradoras de lixo marinho, não há, verdadeiramente, uma estimativa precisa do tamanho e da massa da “mancha de lixo” ou de quaisquer outras concentrações de lixo marinho no oceano aberto. Adicionalmente, muitas feições oceanográficas não possuem limites distintos ou uma extensão fixa, e, portanto, a quantidade de lixo marinho nesta zona (tanto o número quanto o peso) seria muito difícil de ser medida com precisão. A “condição de mancha” do lixo marinho nessa ampla área tornaria um levantamento estatisticamente confiável algo muito trabalhoso e provavelmente caro.
Independente do tamanho, da massa e da localização exatas da “mancha de lixo”, os detritos produzidos pelo ser humano não pertencem aos nossos oceanos e cursos d’água.

Você pode ver a “mancha de lixo” a partir de imagens de satélite?
NÃO. Em relação à magnitude do Oceano Pacífico Norte, a observação de grandes concentrações de lixo marinho, especialmente de fragmentos grandes, não é muito comum. A maioria dos detritos observados na “mancha de lixo” são pedaços pequenos de plástico. Esses pequenos pedaços de lixo são difíceis de ver por causa do seu tamanho, e muitos desses pedaços podem estar suspensos abaixo da superfície do mar, o que os tornaria ainda mais difíceis de serem vistos, mesmo para o olho humano. Por essas razões, o lixo marinho, ou “a mancha” de lixo, não é visível com a atual tecnologia de satélites.

O que tem sido feito para limpar os plásticos e os demais detritos da “mancha de lixo” e do Pacífico Norte?
A NOAA tem sido contatada a respeito da limpeza de resíduos sólidos na “mancha de lixo” e em outras áreas do Pacífico Norte; contudo, as limpezas são, provavelmente, mais difíceis de realizar do que parecem.
Em algumas áreas onde há concentração de lixo marinho, também há concentração de vida marinha, como ocorre na STCZ. Isso torna uma simples retirada de material algo arriscado – pode-se causar mais danos do que benefícios. É bom lembrar que grande parte da vida marinha encontra-se na escala de tamanho microscópico. Por exemplo, ao coar as águas oceânicas em busca de plástico, o plâncton, que é a base da cadeia alimentar marinha e responsável por 50% da fotossíntese da Terra, seria capturado… quase o equivalente a todas as plantas terrestres! Além disso, desde que essa área se move dentro do Oceano Pacífico (uma área muito grande), qualquer um pode imaginar a dificuldade de se encontrar grandes concentrações em um determinado dia.
A NOAA está trabalhando para utilizar informações oceanográficas para ajudar a prever as áreas de convergência com probabilidade de concentrar resíduos sólidos. Acredita-se, ainda, que os processos oceanográficos de larga escala, que induzem a convergência na Alta Subtropical do Pacífico Norte e a STCZ, podem trazer também lixo marinho. Contudo, essas concentrações de lixo marinho são ainda muito difíceis de se prever sua localização ou de se encontrar no mar, devido à vastidão do Pacífico Norte. Se pudermos desenvolver uma melhor compreensão dos processos oceanográficos de média e pequena escala, que possam vir a concentrar lixo marinho em certas áreas, talvez possamos identificar as maiores concentrações locais de resíduos sólidos. O conhecimento e os recursos atuais não oferecem a devida confiança para se realizar esforços de remoção bem sucedidos e com boa relação entre os custos e benefícios.
Esforços nas proximidades da costa:A NOAA e seus parceiros têm removido lixo marinho do Arquipélago Havaiano por mais de uma década. Nosso foco tem sido os resíduos sólidos grandes como as redes de pesca abandonadas, as quais se mostraram extremamente danosas à navegação, aos corais, aos mamíferos marinhos e outros animais marinhos. Desde 1996, mais de 600 toneladas de redes abandonadas foram removidas das remotas Ilhas Havaianas do Noroeste. Até o momento, nenhuma operação de remoção foi iniciada para remover partículas menores de resíduos sólidos. Deve ser realizado um estudo mais abrangente sobre os pedaços menores, relativo à sua localização, composição, abundância e impacto, visando desenvolver a operação de remoção mais eficiente e efetiva, se testada.

Existe uma “mancha de lixo” no Oceano Atlântico?
A maior parte da pesquisa sobre o movimento e a concentração de lixo marinho nos oceanos tem se focado no Oceano Pacífico, possivelmente devido ao fato de esses mecanismos induzirem o acúmulo, e assim os impactos, do lixo marinho em todo o Arquipélago Havaiano. Particularmente, a pesquisa tem sido realizada sobre a Zona de Convergência Subtropical do Pacífico Norte, uma área conhecida de acúmulo de resíduos sólidos no Pacífico Norte. Adicionalmente, talvez devido às numerosas espécies e recursos protegidos dentro do Arquipélago Havaiano (por exemplo, a foca-monge-havaiana, em risco de extinção), a pesquisa sobre ameaças, como o lixo marinho, tende a receber prioridade.
O que não quer dizer que o lixo marinho no Oceano Atlântico não é importante. Pesquisas têm sido realizadas e publicadas sobre o lixo marinho no Atlântico, principalmente sobre a ingestão de partículas plásticas por espécies de tartarugas marinhas e aves marinhas ou sobre as partículas plásticas coletadas por arrasto nas proximidades da costa. Mas, ainda é escassa a literatura sobre o lixo marinho em alto mar no Oceano Atlântico. Assim como no Pacífico, existe o Giro Subtropical do Atlântico Norte, composto por quatro correntes principais – Norte Equatorial, Corrente do Golfo, Norte-Atlântica, e Corrente das Canárias. Há também uma Zona de Convergência Subtropical do Atlântico Norte (STCZ); contudo, se há previsão de que ela concentra resíduos sólidos, nós atualmente não sabemos de nenhuma pesquisa sobre a concentração de resíduos sólidos dentro desta STCZ ou sobre a existência de uma “mancha de lixo” notável.

Bibliografia citada
Donohue, M. e D. Foley. 2007. Remote sensing reveals links among the endangered Hawaiian monk seal, marine debris, and El Niño. Marine Mammal Science 23(2):468-473.
Kubota, M. 1994. A mechanism for the accumulation of floating marine debris north of Hawaii. Journal of Physical Oceanography 24:1059–1064.
Morishige, C., M. Donohue, E. Flint, C. Swenson, e C. Woolaway. 2007. Factors affecting marine debris deposition at French Frigate Shoals, Northwestern Hawaiian Islands Marine National Monument, 1990-2002. Marine Pollution Bulletin 54: 1162-1169.
Pichel, W., J. Churnside, T. Veenstra, D. Foley, K. Friedman, R. Brainard, J. Nicoll, Q. Zheng, e P. Clemente-Colon. 2007. Marine debris collects within the North Pacific Subtropical Convergence Zone. Marine Pollution Bulletin 54: 1207-1211.

Agradecimentos
Essas informações foram compiladas com a participação e o auxílio dos pesquisadores da NOAA, dos pescadores havaianos que pescam com espinhel, de navegadores recreativos, e, particularmente, dos oceanógrafos do Centro de Ciência Pesqueira das Ilhas do Pacífico, da NOAA.

Fonte: NOAA Marine Debris Program
Tradução: Global Garbage/Carla Fillardi